"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo; de fato, sempre foi, somente, assim que o mundo mudou."
(Fritjof Capra)
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Quer um Brasil melhor? Podemos começar por repudiar todo e qualquer tipo de discriminação contra os professores.
Atualmente tudo o que acontece nas escolas e/ou que se refere à educação é culpa do professor. O IDEB caiu? A violência nas escolas aumentou? Outras questões não vão bem na educação? A culpa... é do professor. A mídia golpista juntamente com os interesses dominantes da política são os primeiros à condenação sem direito a nenhuma defesa.
Interessante que ninguém trata sobre o salário de fome que o professor recebe e que o obriga a dar aulas em até três escolas sem direito a ajuda de transporte, de alimentação, sem nada!
As pesquisas indicam que a cada ano cai o número de ingressantes nos cursos de formação de professores e licenciaturas para a docência. A profissão Professor está em extinção!?!
Vale destacar alguns dos fatores que têm levado a conjectura atual. Entre a principal causa está nas palavras de Antonio Nóvoa que “cada vez que a sociedade tem menos capacidade para fazer certas coisas, mais sobem as exigências sobre a escola” e consequentemente sobre os agentes educacionais nela inseridos.
“... é um paradoxo absolutamente intolerável e tem criado para os professores uma situação insustentável do ponto de vista profissional, submetendo-os a uma crítica pública, submetendo-os a uma violência simbólica nos jornais, na sociedade, etc. o que é absolutamente intolerável.” (NÓVOA, 2001)
À medida que os educadores se sobrecarregam de funções paternalistas, assistencialistas, médicas, psicológicas e outras, além das que lhe cabem dentro do processo de ensino aprendizagem, este fica definitivamente comprometido.
A formação continuada é uma necessidade indiscutível para a prática docente, entretanto, quanto mais conhecimento se adquire mais inquietudes se somam pelo caminho que se decidiu trilhar. Esses conhecimentos somados as observações e avaliações do ensino no cotidiano da escola e por todo país só aumentam consideravelmente as angústias dessa profissão que já foi respeitada e ainda o é em muitos países, aliás, respeito superior a todas as demais profissões.
Não se pretende aqui desmerecer qualquer profissão da mais humilde a mais qualificada, longe disso. A pretensão é tratar de um tema que cada vez mais se torna o pesadelo dos educadores: a desvalorização total do profissional “professor” no Brasil.
Foi com total indignação que soube dos casos ocorridos na secretaria de educação de SP em que professores obesos foram considerados inaptos para exercer a docência e tbém dos casos de professores míopes ou com astigmatismo na visão barrados no exame médico. Pensei: isso não é mais preconceito e/ou discriminação é uma violência (mais uma) contra a nossa profissão. Como se já não bastasse a violência propriamente dita que sofremos diariamente nas escolas pelos alunos, pelos pais, pela administração da escola seja pública ou privada, agora somos obrigados a ser estéticamente perfeitos?! E aí... ninguém faz nada? Cadê o MEC para tomar as medidas contra esse despudor? Cadê o Ministério Público para fazer valer sua função de zelar pelo interesse público? Ou será que a educação não é mais de interesse público?
Ninguém desconfia do motivo de campanhas do MEC e até de municípios para que mais pessoas/jovens busquem a formação para professores? A resposta é óbvia: simplesmente quase ninguém quer ter a profissão professor neste país e os motivos são mais óbvios ainda.
Contudo, um país onde a educação formal não é vista como princípios básicos nas ações políticas, muito pelo contrário, a situação tende a piorar muito. A pergunta que fica é: até quando? Até quando ficaremos inertes diante de tantas transgressões e agressões à nossa profissão? Esperar por ações benevolentes que venham de cima para baixo é ficar de braços cruzados aceitando o fatalismo sendo conivente com todas as transgressões sofridas dessa ordem perversa. Necessitamos ser fiel ao que o nosso grande Mestre Paulo Freire nos deixou como uma de suas lições:
“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de decisão. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa.
Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou d esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professsor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste.”
Como uma educadora pertinaz, que não desiste e todos os dias busca forças para se reanimar proponho a vocês meus amigos e parceiros que promovam esse debate em todas as suas possibilidades, em especial, por toda a rede: blogosfera, emails, redes sociais, enfim, aos companheiros de profissão é um chamado para voltarem para dentro de si mesmo e enxergar a importância de nos mobilizarmos, aos parceiros de todas as demais áreas é um convite de uma classe profissional que carece urgentemente da solidariedade dos demais profissionais deste país. Copiem e repassem (com as devidas fontes), obrigada.
(Rosa Zamp)
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Parabéns pelo post...pelo texto!!!!!
ResponderExcluirGrata pelo carinho.....
tenha uma boa semana!
bjo!
Zil
Aqui é a mesma coisa. Uma profissão cada vez menos valorizada e com um estatuto em descrescendo...
ResponderExcluirVai-se pagar caro esse erro!
Outra coisa tão importante, mas que ninguém fala, é cobrar alunos melhores. Alunos críticos, questionadores, céticos, éticos, livres de preconceitos ou fundamentalismos de qualquer tipo.
ResponderExcluirDUVIDO, ahhhh, mas DUVIDO que nos países onde o ensino é bom, que haja tanta complacência com bullying, com alunos que colam em provas...
Hola linda gracias por tus comentarios...paso a saludarte...espero seamos grandes amigas...me ha gustado tu entrada espero pasara a leerte mas seguido...abrazitos
ResponderExcluirJuntos somos mais fortes!
ResponderExcluirBjo e paz, querida.
Fico triste por saber que é um fenómeno que faz parte da actualidade em vários países do mundo. Os professores são um bem essencial ao avanço da sociedade e à criação de um futuro promissor, mas estão a ser muito maltratados. Em Portugal cada vez se valoriza menos esta profissão tão nobre e tudo o que acontece de mal nas nossas escolas, a culpa é sempre posta no professor... Há que mudar mentalidades! Beijos**
ResponderExcluirhola Rosa,
ResponderExcluiruna buena iniciativa. Comunicación entre profesores y alumnos para que pueda haber respeto.
un abrazo^^
Rui Barbosa há mais de cem anos atrás dissertou uma prosaica comparação entre a disciplina e o parapeito de uma ponte, considerando o parapeito da ponde despercebido já que não conduz a nada, mais impede que a pessoa caia. A disciplina também é ignorada, mas impede que a pessoa caia e perca o limite da sua liberdade.
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