"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo; de fato, sempre foi, somente, assim que o mundo mudou."

(Fritjof Capra)

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domingo, 29 de maio de 2011

Falta ética? Ótimo, mais motivos para lutarmos!

Sempre bom rever e ouvir...


"SÓ DE SACANAGEM

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Esse apontador não é seu, minha filha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer:
“Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal!
Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Elisa Lucinda (Vitória, Espírito Santo; 2 de fevereiro de 1958) é uma poeta, escritora, jornalista e atriz brasileira.



Por tudo que estamos vivendo, presenciando neste país e no mundo afora esse foi (apesar de conhecido) o melhor vídeo/poema que me lembrei para dizer:
Basta, chega de choramingar pelo desatino dos maus, pela manipulação,
pelas loucuras em busca de mais capital, pela dissimulação do bem,
pelos caras de pau, pela matança por mais vinténs.
Não! Lamúrias não salvam nada nem ninguém
e por tudo que nos causam e destroem
é que não deixarei de agir cada vez mais a favor BEM! (Rosa Zamp)




vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=03qln0920mk
Texto: http://radiologiaeinovacao.wordpress.com

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Morte anunciada, vaiada e certamente muito comemorada

vídeo de nov/10 de José Claudio em palestra (fala comovente e verdadeira)


Além de sermos obrigados a conviver com a notícia do assassinato desse corajoso defensor do meio ambiente e de sua esposa, ainda somos bombardeados com a notícia abaixo, de que a sua morte foi motivo de vaia em tom de desrespeito, de alívio, de alegria até de pessoas descaradamente imorais, complacentes com a perda de duas vidas em troca de mais espaço para desmatarem mais árvores, matarem mais vidas.
Meu Deus, o que está acontecendo com a humanidade? Dai-nos força e coragem para não sucumbirmos diante de tantas desilusões, diante do desânimo e de tanta desumanidade.
Meu total repúdio a esses monstros que se acham gente! (Rosa Zamp)



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ato grotesco: ruralistas vaiam anúncio de morte


Era perto das 16h quando uma cena grotesca aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados. O líder do Partido Verde, José Sarney Filho, lia uma reportagem sobre o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, brutalmente assassinado pela manhã no Pará, junto com sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, também uma liderança amazônica. Ao dizer que o casal que procurava defender os recursos naturais havia morrido em uma emboscada, ouviu-se uma vaia. Vinha das galerias e também de alguns deputados ruralistas. Leia matéria do Valor Econômico replicada no IHU



Buscado no:http://jaderresende.blogspot.com
vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=CWa7shPsr_M

terça-feira, 24 de maio de 2011

Morre mais um Defensor das nossas florestas e riquezas naturais


Quantos ainda terão que morrer por apenas tentar proteger nossas florestas das mãos de assassinos covardes e inescrupulosos?
Até quando assistiremos passivamente a assassinatos de Chico(s) Mendes, Dorothy(s), José(s), Maria(s)...até quando?
Curioso, ou deveria dizer até assustador, já que o líder extrativista e sua esposa foram covardemente assassinados exatamente no dia em que se decide votar o novo Código Florestal. Votação que vem sendo solicitada, insistentemente, por diversas entidades, políticos e cidadãos que fosse adiada para que a proposta fosse melhor analisada e discutida pela sociedade.
Um Código a ser votado a toque de caixa envolto sabe-se lá em quantos e quais acordos para não desfavorecer os grandes agronegócios e demais interesses só poderá ser mais uma grande perda para os cidadãos brasileiros e para o planeta.
E as vidas que já se perderam em defesa de nossas florestas de nada terá valido.
Em ocasiões como hoje sinto vergonha de ser brasileira...
(Rosa Zamp)

O assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva

Amazon rainforest activist shot dead
José Cláudio Ribeiro da Silva fought against illegal loggers and had received death threats but was refused police protection
Tom Phillips, Rio de Janeiro, no jornal britânico Guardian
Tuesday 24 May 2011 19.59 BST

Seis meses depois de prever seu próprio assassinato, um líder defensor da floresta tropical foi alegadamente assassinado na Amazônia brasileira. José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, teriam sido mortos em uma emboscada perto da casa deles, em Nova Ipixuna, estado do Pará, a cerca de 60 quilômetros de Marabá.
De acordo com um jornal local, Diário do Pará, o casal não tinha proteção policial apesar de receber frequentes ameaças de morte por causa de sua batalha contra madeireiros ilegais e fazendeiros.
Na terça-feira havia notícias conflitantes sobre se os assassinatos tinham acontecido na noite de segunda-feira ou na madrugada de terça. Um porta-voz da polícia disse ter relatos de um “homicídio duplo” num acampamento chamado de Maçaranduba 2.
Em discurso em um evento em Manaus, em novembro passado, Da Silva falou sobre o medo de que os madeireiros pudessem tentar silenciá-lo. “Eu poderia estar hoje falando com vocês e em um mês vocês terão notícias de que eu desapareci. Eu protegerei as florestas a qualquer custo. É por isso que eu poderia receber uma bala na cabeça a qualquer momento… porque eu denuncio os madeireiros e produtores de carvão e é por isso que eles pensam que eu não posso existir. As pessoas me perguntam, ‘você tem medo’? Sim, sou um ser humano, naturalmente que tenho medo. Mas meu medo não me silencia. Enquanto eu tiver força para andar eu vou denunciar todos aqueles que danificarem a floresta”.
Roberto Smeraldi, fundador e diretor do grupo ambientalista Amigos da Terra, que trabalhou com Da Silva na Amazônia, disse que estava em uma reunião com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, discutindo mudanças no código florestal, quando a notícia da morte de Da Silva surgiu. “Ele estava convencido de que seria morto”, Smeraldi disse. Ele acrescentou que Da Silva tinha sido “muito ativo” na luta contra a derrubada e queimada ilegais da floresta. De acordo com notícias da mídia brasileira, Rousseff pediu ao chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para dar apoio a uma investigação sobre o assassinato.
“Temos outro Chico Mendes”, disse Felipe Milanez, um jornalista ambiental de São Paulo, referindo-se ao seringueiro da Amazônia que se tornou mártir ambiental depois de seu assassinato em 1988. Milanez disse que em uma recente conversa telefônica com a esposa de Da Silva ela disse que a situação “estava ficando muito feia”. Milanez acrescentou: “Ele sabia que as ameaças eram reais. Ele estava com medo”.
Um relatório de grupos de direitos humanos brasileiros em 2008 listou Da Silva entre as dezenas de ativistas ambientais e de direitos humanos da Amazônia “considerados sob risco” de assassinato.

buscado no www.viomundo.com.br
imagem: google

domingo, 22 de maio de 2011

Professora Amanda Gurgel se torna porta voz de todos os professores do Brasil!


Parabéns Professora Amanda e muito obrigada por ser a porta-voz de todos os professores deste país.
Mas, enquanto a categoria profissional de Educadores continuar na passividade, na "rabeira" de alguns poucos que não se calam continuaremos a sofrer com todos os problemas que envolvem a Educação no Brasil. Mudanças só ocorrem quando todos se conscientizam da necessidade de unir forças e buscar juntos as transformações necessárias.
Aqui neste país quando o assunto não é motivo de preocupação dos governantes e políticos o tema fica para ser discutido a longo prazo e como você bem disse as nossas necessidades são imediatas. Nossa necessidade de se alimentar, de pagar as dívidas, de sustentar nossos filhos, de se locomover, enfim de sobrevivência são necessidades de prazo curtíssimo, é pra já.
Não dá mais para esperar pelas tais "décadas da educação", isso deliberadamente é discurso dos que não querem a educação como alavanca das transformações fundamentais para o nosso país. (Rosa Zamp)

Segue abaixo entrevista com a Professora e o jornal O Globo.

'Todos sabem como é a rotina de um professor', diz professora Amanda Gurgel

por: Paulo Francisco

A senhora esperava toda essa repercussão, no YouTube, com seu depoimento sobre a situação da educação?

AMANDA GURGEL DE FREITAS: Nunca. Eu jamais imaginei que uma situação, que para mim é tão corriqueira e tão óbvia para todo mundo, pudesse ter uma abrangência tão grande. Não tem quem não veja como é a rotina de um professor.

O que a senhora acha que está faltando para mudar a situação do professor?

AMANDA: Posso falar sinceramente: vergonha. Esse caos que existe na educação não é um caos desorganizado, entre aspas, é um caos preparado, existe uma intenção para que a educação funcione desse jeito, para que os filhos da classe trabalhadora jamais atinjam altos níveis de cultura, para que no máximo eles aprendam um ofício.

A senhora hoje tem dois empregos, acorda às 5h da manha e passa o dia todo trabalhando. Como é a vida de um professor sem condições até de se qualificar, de ler? Como faz para se atualizar?

AMANDA: Olha, é muito difícil. Para qualquer professor, isso é muito difícil. Então, na nossa categoria, até é importante tocar nesse ponto, nós vivemos uma certa crise de identidade, porque enquanto a nossa atividade sempre foi considerada intelectual, e ainda hoje leva esse nome de uma atividade intelectual, de formadores de opinião, a verdade é que nós estamos passando por um processo de proletarização, que está se acentuando a cada dia. E a nossa atividade é principalmente manter o aluno em sala de aula, independente de qualquer coisa. Por isso que muitas vezes as pessoas confundem os responsáveis pelo caos e acham que a greve atrapalha os alunos. Na verdade, a greve não atrapalha, justamente por isso, se nós não estivéssemos em greve não teríamos a oportunidade de falar sobre a educação nesse momento, porque estariam todos os alunos dentro da sala de aula controlados pelos professores, que não estariam em condições de ter uma atividade digna, de exercer a atividade docente decentemente, porque as salas são superlotadas, porque as salas são quentes aqui na nossa cidade, porque os professores não têm condições de se atualizarem. Infelizmente, não é dada essa oportunidade para os professores.

A senhora disse que o professor sofre muito de doenças psicossomáticas. A senhora já teve depressão. Como é a saúde dos professores?

AMANDA: Os professores são submetidos a uma jornada de trabalho que é extenuante, sem ter condições de trabalho dígnas. Frequentemente desenvolvem doenças relacionadas à atividade profissional e, em troca, recebem por parte dos governos mais uma forma de opressão, que é impedí-los de darem entrada em licenças médicas ou em readaptação de função. Recentemente, em um consultório, um médico disse que não poderia fornecer um laudo para encaminhar um paciente a uma junta médica porque hoje em dia professor e policial são todos assim, querem ganhar dinheiro sem trabalhar. Dentro do consultório médico ele defendeu a política do governo do estado, dizendo que o governo está muito certo mesmo. Independente do seu estado de saúde, o professor tem mais é que estar em sala de aula. Isso só reforça essa ideia que para o governo educação de qualidade é aluno controlado dentro de sala de aula, independente da condição dessa aula e das condições de saúde do trabalhador.

Depois do sucesso na internet, a senhora pretende se candidatar a algum cargo político?

AMANDA: Nunca pensei sobre isso, não pretendo no momento. Talvez as pessoas possam achar que eu fiz isso por interesse. Mas minha militância é pelas demandas da nossa categoria e não gostaria que fossem confundidas com as do partido. Não tenho pretensão política governamental, mas faço política no meu dia a dia. As pessoas que me conhecem sabem de minha atuação. Talvez em outros momentos a conjuntura possa me levar para outros rumos.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/05/20/todos-sabem-como-a-rotina-de-um-professor-diz-professora-amanda-gurgel-924500918.asp#ixzz1N7wAo4V0
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vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=aC3u_hxa4JQ&feature=share

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Olhos para ver, ouvidos para ouvir


A complicada arte de ver

Rubem Alves*

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!

Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.

De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.

Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.

Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.

Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.

Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…


*Educador e escritor.

Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, Folha de S. Paulo, em 26/10/2004.


Por: http://abraabocacidadao.blogspot.com


Só Rubem Alves com toda a sua sensibilidade de grande Educador para escrever um texto como esse.
Por essa e outras que acredito que "Educar é uma Arte"! O ensinar enquanto Arte é a arte de ver com os olhos da alma; a arte de ouvir com o coração; a arte de sentir ao toque sutil; arte de inspirar e degustar o sabor das descobertas para enfim elaborar a Arte do Pensar.
Pensar crítica e reflexivamente para só então construir qualquer conhecimento significativo para a vida.
Ah...como precisamos de educadores artistas!
Entretanto, se faz necessário lembrar que para toda e qualquer arte é fundamental ter condições materiais, econômicas e morais. E os nossos professores possuem tais condições?
(Rosa Zamp)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sensibilidade não é sinônimo de fraqueza


Hoje me deparei com o texto da Marli Andrade em seu blog que me surpreendeu pela sua perspicácia ao falar da pessoa sensível. A mensagem acaricia o ego dos que são marcados como lamuriosos, emotivos, idealistas, frágeis demais.
Não falo (só) de mim, mas de todos que sentem as dores e prazeres da vida com intensidade.
O sentir é intenso por que todos os sentidos se unem num só ponto: na alma. São os olhos que vêem através do coração.
Falo de todos os que não aceitam a resignação como solução;
que não se sujeitam a servidão conformista;
que não se acovardam diante dos assombros deste mundo;
que não permitem que a perversidade suprima seu caráter;
que diante da traição perdoa;
que ao cair se levanta;
que ao sofrer aprende;
que se agiganta frente à opressão;
que retira forças da sua sensibilidade
para combater ainda mais resistente
aquilo ou aqueles que lhe faz sofrer;
que acredita no Bem, que acredita na Vida!
(Rosa Zamp)

Vale a pena ser sensível

"Os sensíveis têm uma luz brilhando dentro deles, sua sabedoria pode ser confundida com loucura por pessoas que ainda não sabe quem são; por aquelas pessoas que vivem presas a um mundo automático. Os sensíveis, são também sentimentais, com capacidade de pedir perdão pelos erros, são sonhadores, tem uma fé inabalável, possuem uma força tremenda de morrer incontáveis vezes e nascer outras tantas mais fortes ainda.

Determinados em encontrar a felicidade, não perdem uma oportunidade sequer de sorrir. Invencíveis pelas lágrimas carregam na alma e até no corpo, marcas da paixão pela vida. Não são medidos pela formosura ou pela grandeza do corpo e sim admirados pelo poder do coração, pela força que emanam de dentro do olhar.
E aquelas pessoas que ainda não sabem o que são, ficam sem entender como os sensíveis conseguem tanto poder. Os sensíveis não são conhecidos pela superfície, e sim pela profundidade dos bons pensamentos; acabam tendo um relacionamento profundo com todos e tudo que lhes cercam. Ainda que o corpo envelheça, fique doente, nada abala o coração do sensível que acredita sempre que Deus sempre está certo.

Os sensíveis, mesmo de longe se juntam em espírito para cantar num coral, uma canção que curará todo aquele que ainda não se encontrou. Os sensíveis acreditam que um dia, todos as pessoas saberão quem de fato são. Acreditam que todos irão se aceitar e ao ver um ao outro, será feito olhar no espelho e enxergar sua própria face. Quantas vezes nos magoamos porque acreditamos que as pessoas não seriam capazes de fazer o que fizeram para nos prejudicar; por que nós, não teríamos esta coragem. Se já lhe aconteceu isso, és sensível. Poderá passar por períodos difíceis, mas encontrará seus pares que acreditam que o bem sempre vence e que a matéria passará e que algo muito maior existe.

Por tudo isto, vale a pena ser sensível porque é o caminho para a paz interior. E uma pessoa com paz interior é linda, saudável, feliz e livre. Existe algo melhor que isto?"

Por: Marli Andrade
Psicanalista e Psicopedagoga
www.marliandradepsicanalista.blogpot.com
(visitem...recomendo)

"Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira." (Che Guevara)


Imagens: google

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O mundo dá voltas...



Tomara que nas voltas que o mundo ainda vai dar,
ao chegar o mesmo ponto chegue diferente...melhor.
Sem guerras, sem excluídos, sem preconceitos,
sem injustiças, sem hipocrisia, sem traições,
sem o endeusamento do desnecessário, sem
desrespeito à natureza...à vida.
Ah...quanto idealismo de minha parte...sei
que alguns dirão. Mas se eu não puder
ver algo assim realizado, o que me custa sonhar?
A mim nada me custa compartilhar desses desejos,
apenas e tão somente dividir com outros um sonho
de um mundo perfeito ou ao menos melhor do que o de hoje.
(Rosa Zamp)

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=cU8FyaapKEk

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Terra está doente - Leonardo Boff


A Terra está doente, artigo de Leonardo Boff

Publicado em maio 9, 2011 por HC

“Que devolvemos à Terra como forma de gratidão e de compensação? Nada. Só agressão, exaustão de seus bens. Estamos conduzindo, todos juntos, uma guerra total contra a Terra. E não temos nenhuma chance de ganharmos essa guerra. Temo que a Mãe Terra se canse de nós e não nos queira mais hospedar aqui. Ela poderá nos eliminar como eliminamos uma célula cancerígena”, escreve Leonardo Boff, teólogo.

Segundo ele, “o momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra“.

Eis o artigo.

Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.

Isso mostra a cegueira que tomou conta da maioria dos parlamentare e também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao aquecimento global.

Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição crescente da admosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progresiva de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.

Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso pais, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuizos em casas e plantações destruidas.

Só cegos e estupidificados pela ganância do lucro não vêem as conexões causais entre todos estes fenômenos.

A Terra está doente. A humanidade sofredora de 860 milhões passou, por causa da crise econômico-financeiro dos paises opulentos, onde grassam ladrões, salteadores de beira de estrada das economias populares, a um bilhão e cem milhões de pessoas.

Consequência: a questão não é salvar o sistema econômico-financeiro, não é produzir mais grãos, carnes e commodities em geral para exportar mais e aumentar o lucro.

A questão central é salvar a vida, garantir as condições fisico-químicas e ecológicas que garantem a vitalidade e integridade da Terra e permitir a continuidade de nossa civilização e do projeto planetário humano. A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos outra. Ela é a Pacha Mama dos andinos, a grande mãe, testemunhada por todos os agricultores e a Gaia, da ciência moderna que a vê como um superorganismo vivo que se autoregula de tal forma que sempre se faz apto para produzir e reproduzir vida.

Então, é nossa obrigação manter a floresta em pé. É uma exigência da humanidade, porque ela pertence a todos, embora gerenciada por nós . O equilíbrio climático da Terra e a suficiência de água para a humanidade passa pela floresta amazônica. É ela que sequestra carbono, nos devolve em oxigênio, em flores, frutos e biomassa. Por isso temos que manter nossas matas ciliares para garantir a perpetuidade dos rios e a preservação da pegada hidrológica (o quanto de água temos a nossa disposição). É imperioso não envenenar os solos pois os agrotóxicos alcançam o nivel freático das águas, caem nos rios, penetram nos animais pelos alimentos quimicalizamos e acabam se depositando dentro de nossas células, nos entoxicando lentamente.

A luta é pea vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra. Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.

Que devolvemos à Terra como forma de gratidão e de compensação? Nada. Só agressão, exaustão de seus bens. Estamos conduzindo, todos juntos, uma guerra total contra a Terra. E não temos nenhuma chance de ganharmos essa guerra. Temo que a Mãe Terra se canse de nós e não nos queira mais hospedar aqui. Ela poderá nos elimiar como eliminamos uma célula cancerígena. Devemos devolver seus beneficios, com cuidado, respeito, veneração para que ela se sinta mãe amada e protegida e nos continue a querer como filhos e filhas queridos.

Mas não foi a devastação que fomos criados e estamos sobre esse ridente Planeta. Somos chamados a ser os cuidadores, os guardiães desta herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram. E vamos sim salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para os demais seres da criação.

A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um Codigo Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.

O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra.

Por:(Ecodebate, 09/05/2011) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Repouso obrigatório


Ficarei afastada por alguns dias...contra a vontade. Mas voltarei em breve.
Procurarei manter-me ao menos informada dos blogs que acompanho...se me deixarem.
Beijos a todos amigos e amigas.(Rosa Zamp)