"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo; de fato, sempre foi, somente, assim que o mundo mudou."

(Fritjof Capra)

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dignidade e respeito não são mercadorias!

     
     Valores morais e éticos não se compra nem se vende,  se tem ou não. Parabéns (mais uma vez) a prof.ª Amanda por não barganhar a sua dignidade, voz que passou a representar milhares de professores e cidadãos brasileiros que exigem respeito.
     Eis um dos motivos pelos quais não perco a esperança de que as mudanças são possíveis sim,  desde que não fiquemos imobilizados. 
     Este país tem muitas Amandas, Marias, Paulos, Josés, milhares de vozes que só precisam se conscientizar da necessidade de unir forças para que a Educação, a Saúde, a Segurança, enfim, para que os serviços públicos essenciais e outros sejam recuperados, resgatados do poço vergonhoso ao qual foram lançados.
     O exemplo da professora Amanda é mais um entre tantos outros que são praticados diariamente contra a "democratização" da sem-vergonhice que tomou conta desta nação. 
    Entretanto, são vozes ainda isoladas, gritos oprimidos e abafados pela repressão dos opressores, estes que vem se utilizando do poder que tem em mãos para impedir a explosão dos gritos entalados daqueles que defendem o retorno imediato da dignidade e respeito aos cidadãos que não suportam mais assistir ao desmantelamento de serviços públicos que lhes são de direito e pelos quais pagam uma fortuna de impostos. 
     Como se pode falar em privatização da Educação se é dever do Estado garanti-la a todos gratuitamente e de qualidade? Enquanto isso os professores estão em fase de extinção em virtude da desvalorização profissional, da falta de condições de trabalho, das doenças que nos acometem; as escolas sucateadas, os materiais didáticos viraram motivo de piada pelo descaso das Secretarias e Ministério da Educação e os alunos...os alunos são os principais prejudicados, para dizer o mínimo.
    Paulo Freire já dizia que "a esperança é uma necessidade ontológica...não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico." Se bem que a esperança sozinha não é suficiente se não formos à luta, ao embate necessário para o resgate do que se perdeu ou do que querem ainda nos tirar.
     O desrespeito à coisa pública, aos direitos mínimos do cidadão aliados a impunidade, têm se generalizado de tal forma que não há mais espaço para suportar tanta desfaçatez. Fundamental se faz que as vozes se juntem, que haja mobilização contra tudo e todos que desconhecem valores básicos primordiais para a existência de uma sociedade saudável e justa para todos igualmente.
(Rosa Zamp)

Abaixo texto da Prof.ª Amanda recusando o prêmio da PNBE e os motivos.



Porque não aceitei o prêmio do PNBE

Oi,
Nesta segunda,o Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE) vai entregar o prêmio "Brasileiros de Valor 2011". O júri me escolheu, mas, depois de analisar um pouco, decidi recusar o prêmio.
Mandei essa carta aí embaixo para a organização, agradecendo e expondo os motivos pelos quais não iria receber a premiação. Minha luta é outra.
Espero que a carta sirva para debatermos a privatização do ensino e o papel de organizações e campanhas que se dizem "amigas da escola".

Amanda



Natal, 2 de julho de 2011

Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,

Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.

Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald's, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.

A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.

Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público” (Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.

Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.

Saudações,

Professora Amanda Gurgel


23 comentários:

  1. Onde há luta estou lá...E se com razão ainda mais depressa vou:)


    Incrível o que ainda acontece hoje...Nossos tempos continuam estranhos. E eu continuo a estranhar isso...


    Força aí que a gente luta daqui!!!

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  2. Olá amiga Rosa.
    Educação e respeito aos professores que o nome de um monte, e preocupado.
    Eu gosto do seu blog porque você diz palavras muito importantes, eu traduzo para cima e eu ouço tudo.
    Estou lhe enviando um grande abraço de Mari Trini

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  3. Essa Mestra, que honra o povo potiguar e
    a massacrada classe de professores, deste
    colossal país, mais uma vez vem provar que
    ainda podemos ter esperança de mudanças, para
    um Brasil mais justo, mais feliz.
    A questão da mobilização, se torna dífícil quando
    nós, professores, somos pressionados a, provisoriamente,abandonar o "campo de batalha" de uma greve por esta ser considerada ilegal, pela justiça. Aqui, em Fortaleza, a "DAMA DE VERMELHO", Prefeita do Município, do PT(diga-se de passagem), nos obriga (via Juiz) a PAGAR os dias de greve, em pleno mes de julho, quando, de direito, seriam as férias. Prosessor, é a única categoria de trabalhador, que repõe horas não trabalhadas, após uma greve.
    Trabalho há 40 anos, como professora, já me aposentei, em 1993, mas tive que retornar, à ativa, por força do baixo salário. Em 2012, sairei pela compulsória, também conhecida como "aposentadoria expulsória": completo 70 anos de idade. Sempre particicipei dos movimentos, sempre lutei pela boa qualidade da Educação. Não desisto, nunca!
    Há de mudar...um dia qualquer, no FUTURO!

    Beijos, Rosa
    Obrigada, pelo espaço...

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  4. A mulher é do balacobaco!
    Amanda só merece nosso apoio e nossos Parabéns. Afinal um prêmio que até o McDonald's recebeu não está preocupado com a luta dela e todos que prezam a educação nesse país.
    bjs
    Jussara

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  5. Minha amiga
    sempre em cima destes acontecimentos...lol
    Por cá tb querem privatizar ainda mais serviços...transportes, saúde, banca, etc...a crise ainda vai no adro para o mundo inteiro...
    Gostei muito do teu texto...bem escrito e objectivo...e concordo com Freire no que diz respeito à ser uma luta ontológica uma vez que se colocam questões de valor intrínsecas ao próprio individuo...
    As palavras tb podem ser boas "armas" nestas batalhas...:)
    bjs e uma boa noite amiga

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  6. Ousada ela! Gosto de ousadia.

    Que País é esse?! Atrevem-se a falar em Privatização da Educação e sequer ficam ruborizados!!!

    Talvez porque o rubor só se manifesta em pessoas que sentem vergonha na cara...

    Totalmente indignada! Mesmo assim, lhe deixo um grande beijo, querida!rsss... Ah, e parabéns pela postagem!

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  7. M.

    Seria boa idéia unir os continentes e gritar todos numa só voz: BASTA!
    Enquanto isso não acontece necessitamos ao menos apoiar a todos os povos que estão em luta por justiça, igualdade e paz.

    Tempos estranhos...é o novo mundo!?

    Beijos :)

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  8. Mari Trinidad

    Sim amiga, precisamos muito de respeito e
    valorização por aqui. Fico muito feliz que compartilhe das nossas lutas, assim como estamos com vocês também nas mobilizações recentes.
    Grande beijo dessa amiga brasileira que te respeita muito.

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  9. Lúcia
    Entendo perfeitamente o que diz porque passei por isso a pouco tempo.
    Infelizmente neste país se antes já não havia confiança no Poder Legislativo e Executivo agora temos um sério agravante que é o de não poder confiar mais no Poder Judiciário. Hoje os 3 poderes estão corrompidos e agem em favor de si próprios ou dos interesses dos que detém o poder político e econômico.
    Admiro sua coragem em retornar, como diz uma amiga daqui do blog a profissão professor é um sacerdócio. Só mesmo muito amor pela profissão para nos manter firmes e sempre em luta.
    Acredito na mudança...um dia virá!
    Beijos querida amiga e lembre-se que este espaço não é meu...é nosso, muito mais de vocês.

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  10. Palavras Vagabundas

    Jussara ela é porreta mesmo.

    Uma organização que premia empresas semelhantes a Mc'Donalds e sujeitos que mancham a nossa democracia só pretendia com esse gesto adular uma categoria que está absolutamente contra o que els desejam: a privatização da Educação. É o fim, um disparate, mas receberam um sonoro NÃO!

    Beijos amiga e obrigada pelo apoio também.

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  11. CF.

    Em cima...atenta e com a boca no trombone :)

    Minha resposta a ti é a mesma que dei a M. que me faz pensar se já não é hora mesmo de união de todos? Um grito mundial do BASTA?
    Um grito uno do CHEGA de desigualdades, de repressão, de injustiças, de guerras movidas pela ganância, de mortes de inocentes, ah...de tantas coisas erradas...

    Não podemos ficar só nas palavras, nem viver só de esperanças vazias é preciso ação, um levante contra tudo que está aí.

    Eu tô dentro! E você?

    Beijos querida Célia :)

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  12. Nell

    Eles merecem muito mais que ousadia e tiveram...a professora Amanda lavou nossa alma mais uma vez.
    Mas até quando ficaremos com essas vozes esparsas?
    Este é o país da impunidade, da ingênua tolerância massificada que ainda permite tanta desfaçatez.
    Rubor? Ruborizados ficamos nós, fico eu de postar essas barbaridades e compartilhar com o mundo.
    Não ficará assim para sempre, a roda gira...

    Beijos querida e obrigada sempre!

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  13. Blogueira do Coração: desta vez sou eu a render homenagem a cada palavra tua. Maravilhosa manifestação de apoio à Profa. Amanda e convocação geral. Não há outro caminho. É correr para as ruas, as praças, o correio físico e o eletrônico, internet, blogosfera... Cidadania Planetária no Terceiro Milênio. Há muito por fazer e gente valorosa como você e esta professora do Rio Grande do Norte. Se me permite, também reproduzirei no ABC! este teu post. Eu não faria melhor. Aproveito pra dizer que o selo que me conferiu encontra-se na parte inferior da página de abertura, com link para teu blog. Abraço carinhoso. A luta continua!

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  14. Rosa,

    É caso para perguntar: aí como cá?
    Talvez a diferença - a grande diferença - é que no teu país há pessoas com a verticalidade suficiente para não abdicarem dos seus valores, dos seus princípios.
    Um abraço de profundo respeito à Prof. Amanda.

    Beijinho.

    P.S. Quero pedir-te desculpa por ainda não ter postado o selinho. Nâo sei se te apercebeste que estou em férias e com um portátil "moribundo" que raramente me deixa fazer o que quer que seja.
    Logo que regresse postarei o belo selinho que irá fazer companhia à minha galeria de mimos.

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  15. Sonia
    Agora fiquei ruborizada com seus elogios, não escrevi nada melhor do que você faz todos os dias.
    Apoio a prof. Amanda e a todos que lutam por um país, por um mundo melhor eu sempre darei.
    É hora de convocarmos mesmo todos para mobilização geral das massas contra toda sujeira que está aí.

    Nossa...ver meu post reproduzido no seu blog é uma grande honra, um presentaço! Obrigada!

    Grande beijo amiga companheira de lutas virtuais!

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  16. Evanir
    Ô minha querida Evanir, não precisa explicar mais nada. Todos que te acompanham sabem e compreendem o momento atual.
    O mais importante é tê-la por perto acompanhando os posts e sempre que posso também estou lá no seu cantinho.
    Deus jamais nos abandona...eu creio e já vi que você também crê. Você vencerá amiga, sempre!
    Grande beijo no coração.

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  17. Teresa

    Parece que estamos no mesmo barco não é amiga?
    E não há esse tipo de diferença que levantou por que por aí também há pessoas honestas, batalhadoras, de coragem, basta reuni-las e soltar a voz. Tem que começar por alguém e você já demonstrou ter o perfil necessário. Porque não começas?

    Não se preocupe com o selinho querida...aproveite muito bem suas férias:)

    Beijos querida e fique bem!

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  18. Não sei se é o novo mundo...Sei que as pessoas não aprendem com o tempo...E pior: não querem aprender.


    A solução é fácil e óbvio. Qualquer criança a dá...

    Então???


    Não sei:(

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  19. Querida Rosa, venho só deixar um beijo pois aqui não tenho tempo de ler os blogues que adoro ( como o seu claro). Quando voltar tenho de me actualizar ;)
    Prometo que dou notícias e conto como Barcelona é linda!
    Beijos

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  20. Amiga Rosa
    O que você acha? :)
    Claro que estou dentro...o mais possível!
    Qd falei das palavras serem armas, não me referia que seriam as únicas...claro que delas deve nascer a acção! O que queria dizer é que através delas desassossegam-se as almas e as mentes em prol da verdade e do que faz sentido...por isso, devem ser certeiras!
    Mas muito se poderia acrescentar a isto tudo, desde a atitude da Prf. Amanda que pode transformar mentes...:)
    Bjs minha amiga

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  21. M.

    Está difícil mesmo...dizem que com o tempo tudo se aprende...mas quanto é o tempo desse tempo????

    Também não sei:(

    Beijinhos:)

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  22. Maris

    Ah...que inveja! Inveja boa é claro.
    Tenho uma amiga blogueira de Barcelona, ela se chama Mari Trinidad e posta fotos e histórias lindas sobre Barcelona. Viajo através do blog dela e farei o mesmo quando você voltar e nos contar tudo.
    Beijos e aproveite muito!!!

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  23. CF.
    Sabia que sim, só perguntei por perguntar.
    Também entendi quando ressaltou as palavras e seu poder fundamental para os próximos passos de qualquer ação.
    Você é sábia querida Célia, além de guerreira e irrequieta como eu. Portanto, podemos juntas unir nossas palavras para tentar transformar mentes.
    Não custa tentar:)
    Beijos amiga batalhadora.

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Suas palavras são mais importantes que as minhas...