Não, definitivamente não! Chamem de utopia ou do que quiserem, eu chamo de "esperança e fé" na humanidade.
A história reproduzida abaixo, particularmente, é a prova de que os Bons são a maioria e de que o Amor ainda prevalece.
Buscado novamente no magnífico blog da companheira Sonia Amorim não poderia deixar de aqui compartilhar, apenas destoarei com todo respeito a autora de que não há irracionalidade no perdão, já a violência essa sim é irracional. Concordo...não é fácil, mas de que adianta alimentar a cultura do ódio e da vingança?
Não acredito na felicidade de um ser que cultive o ódio dentro de si. Não acredito na hipocrisia de quem se diz realizado por ter finalmente conseguido se vingar de alguém pelo mal que este tenha lhe causado.
Esses sentimentos promovem a ruína de quem os cultiva...ao seu tempo haverá de compreender.
Perdão é o sentimento mais sublime que o ser humano deve construir , desenvolver interiormente. Perdão é Amor e são indissociáveis.
A história abaixo é uma entre tantas outras do dia a dia e que não tomamos conhecimento por que enaltecer seres nobres, história com finais felizes não dá audiência para a mídia.
Se não gera lucro, aumento de capital para que promover a cultura da Paz no mundo?
O que dá lucro aos impérios capitalistas é justamente o contrário...é o armamento, a guerra, a violência gerando violência, ódio gerando ódio...estas são as bandeiras daqueles que se dizem "democráticos" e "defensores dos direitos humanos"
O dia em que a maioria dos Bons se unirem não haverá necessidades de "órgãos" para defesa daquilo que cada pessoa adquiri ao nascer...direito a vida, a vida plena e abundante.
(Rosa Zamp)
"Olho por olho, e o mundo acabará cego." (Mahatma Gandhi)
PS: leiam ao texto abaixo, vale a pena.
O que têm em comum Mark Strohan (texano preso por homicídio e que deverá ser executado no próximo dia 20 de julho) e Rais Bhuyan (bengali, imigrante legal, vivendo nos Estados Unidos há vários anos, cego de um olho)? O traço em comum entre os dois é justamente o olho perdido de Rais Bhuyan. Pois o responsável pela perda parcial de visão do bengali foi justamente Mark Strohan, que o atacou com um tiro no rosto.
Tudo começou no dia 11 de setembro de 2001, data que marca um novo ciclo na história ocidental e do mundo inteiro. O ataque às torres gêmeas plantou o terror e o ódio no centro do hemisfério, deixando um lastro de morte e destruição. Neste dia, Mark Strohan perdeu sua irmã e a inocência que lhe restava no coração. Passou a ser movido pelo desejo de vingança e pelo ódio a tudo e a todos que levassem qualquer proximidade e semelhança com os autores do atentado, responsáveis por sua perda e a dor incurável que ela provocara em sua vida.
Mark Strohan passou a perseguir e atacar imigrantes. Atirava para matar. Com dois, conseguiu seus intentos: um paquistanês e um indiano. Com Rais Bhuyan conseguiu apenas destruir seu olho. O bengali sobreviveu. E Mark Strohan foi preso. Era o dia 21 de setembro, dez dias depois do atentado que mudou o mundo e plantou o ódio no seu coração. O bengali retomou aos poucos sua vida, tendo que aprender a conviver com sua nova situação física. O texano ficou dez anos preso, foi condenado à pena capital e agora sua execução foi marcada.
Há, porém, uma voz que se levanta entre Mark Strohan e sua programada morte: surpreendentemente, a de Rais Bhuyan. O bengali que perdeu parte da visão pela arma do condenado não parece reger-se pela lei do Talião : “Olho por olho, dente por dente”. Mas sim pela compaixão que ensina a ver no outro, qualquer que ele seja, não importa o que haja feito, um irmão em humanidade. No intrincado aparelho judicial estadunidense, Rais Bhuyan luta para transformar a pena de morte decretada para Strohan em prisão perpétua. Não deseja a morte de seu agressor e, pelo contrário, luta para devolver-lhe a vida.
Bhuyan declara haver chegado à decisão de empreender este combate pela vida do homem que atirou em seu rosto e perfurou seu olho após um longo e duro processo de sofrimento e purificação. Dele saiu sem ódio no coração, mas cheio de gratidão por lhe ter sido dada a chance de viver. Sentia em si o desejo de fazer algo pelos outros. E logo essa alteridade em direção à qual se movia a nova compaixão que o habitava recebeu um rosto e um nome: o de Mark Strohan. Após consultar as famílias dos dois outros homens mortos pelo texano e delas receber a aprovação para o que desejava fazer, Rais lançou-se de corpo e alma na luta para libertar Strohan da injeção letal que deverá levá-lo à morte no próximo mês de julho.
Sua conduta chama a atenção e surpreende a opinião pública. Bhuyan tem que dar entrevistas explicando por que, em vez de vingar-se, escolheu perdoar. Como vítima do ódio, não seria mais lógico alegrar-se com a morte do agressor? A esta pergunta ele responde dizendo que deseja quebrar o ciclo do ódio e que o único caminho para isso é o perdão. Não vê Strohan como inimigo, mas como seu semelhante. Entende o que fez como fruto de uma perda de consciência e privação de sentidos. Deseja resgatá-lo como ser humano e dar-lhe a chance de ter sua vida de volta e redescobrir-se como ser humano.
Trabalhando em parceria com a advogada do condenado, Bhuyan tem esperança de conseguir seu intento. Quer encontrar-se com Strohan, falar com ele, declarar-lhe pessoalmente seu perdão. Ao saber disso, o texano chorou muito. Está disposto a receber seu defensor na prisão. O perfume do perdão derramado sobre o ódio e a violência que separou estes dois homens ungiu a distância e inaugurou uma nova aproximação. Uma ponte foi construída, o fosso foi transposto, Bhuyan e Strohan contemplam sua condição de seres criados para o amor e a relação, recém recuperada e renovada.
Contra a irracionalidade da violência, apenas a irracionalidade do perdão pode ter algum poder, alguma eficácia. Porque, como a palavra mesma diz, per-doar é persistir no dom. O dom da vida foi generosamente concedido a Strohan e a Bhuyan. Rompido pela violência de um, é restaurado pelo perdão do outro que persiste na doação. E o dinamismo vital continua em movimento, sem ser lançado no país escuro do “rigor mortis”. Contemplando a maravilha deste milagre, louvamos a Deus que criou a Strohan e a Bhuyan à sua imagem e semelhança.
Maria Clara Bingemer é teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. É autora de diversos livros, entre eles, ¿Un rostro para Dios?, de 2008, e A globalização e os jesuítas, de 2007. Escreveu também vários artigos no campo da Teologia.Dom Total










